24 novembro, 2008

Há lá coisa melhor...

...do que dar-te o braço e contigo descobrir uma cidade aqui tão perto e ainda assim desconhecida? O lindissimo Campo Pequeno (fica prometido um concerto lá), a enorme avenida calcetada com a pedra da serra aqui ao lado, descer na Rua do Ouro, olhar para as sedes dos bancos e pensar que nas mãos daqueles senhores está o nosso futuro (será que está seguro?). Deslumbrarmo-nos com o Elevador de Santa Justa, chegar ao Terreiro do Paço e nas suas arcadas enterrarmos os dentes num pastel quentinho e estaladiço do Martinho, polvilhado com canela e acompanhado com uma bica das nossas.




Sair para a Rua Augusta, ouvir a Amália na loja de discos antigos e o corridinho no acordeão do artista da esquina. Correr para a paragem para escapar ao aguaceiro e, com as faces vermelhas da corrida, rejeitar o resguardo e olhar para o alto para receber a frescura das gotas de chuva. Olhar em volta, guardar o barulho, o movimento, a beleza do Rossio e o seu cheiro. Voltar-me e encontrar o teu olhar sorridente...



"Apetece namorar contigo em Lisboa..." (UHF)

12 novembro, 2008

Ai Mouraria...

... da velha Rua da Palma,
onde eu um dia
deixei presa a minha alma,
por ter passado
mesmo ao meu lado
certo fadista
de cor morena,
boca pequena
e olhar troçista.

(...)

Ai, Mouraria
dos rouxinóis nos beirais,
dos vestidos cor-de rosa,
dos pregões tradicionais.
Ai, Mouraria
das procissões a passar,
da Severa em voz saudosa,
da guitarra a soluçar.

O dia foi ontem, o fadista podias ser tu. A nossa alma ficou presa à esplanada onde saboreámos uma imperial enquanto olhávamos a Mouraria: um bairro velho, degradado, com mais estrangeiros que portugueses e sem vestigios das afamadas casas de fado. O que restou do bairro cantado por Ámália, considerado um dos mais típicos de Lisboa? Dei comigo a pensar como seria bom que existissem euros para tudo ser recuperado, para aquelas fachadas a cair de podres pudessem renascer e voltar a mostrar o esplendor que (dizem os antigos) tinham outrora. Se isso acontecesse Paris teria concorrente à altura... mas não estamos em França.

Mas tal como lá, dei-te a mão e juntos percorremos as ruelas de calçada, subimos as escadinhas e fomos em busca do castelo. Depois descemos até ao miradouro e lá ficámos a ouvir os músicos que a troco de moedas animavam a tarde. Deixámos passar o electrico porque para sentir uma cidade é preciso pisar o seu chão. Já com os pés doridos honrámos São Martinho com castanhas e vinho até os pensamentos perderem o nexo, e amparados um num outro para não tropeçar na vida regressámos ao ponto de partida.

Adeus Mouraria! Podes estar velha mas foi bom conhecer-te. Um brinde á tua saúde!